Pular para o conteúdo principal

Lidando com opiniões não solicitadas


“Obrigado(a), mas quando eu quero ou preciso de opinião, normalmente eu peço”. Conta-se nos dedos quem tem coragem de dizer a frase acima àquele que resolveu emitir seu parecer sem ter sido consultado, com a fleuma de um súdito da rainha da Inglaterra. Convenhamos, uma resposta dessas ou similar encerra a questão e, se houver, termina também com a amizade ou qualquer relacionamento.

Sentimo-nos inclinados a expressar nosso juízo sobre aquilo acontece ao redor, sobre o bate-papo que estamos participando... Até aí tudo bem. Se alguém está abrindo uma questão num grupo presume-se que saiba de antemão que está se expondo e em conseqüência, deve ter capacidade de absorver as argumentações que virão. Do contrário, é melhor nem provocar o assunto. Poucas pessoas se mostram receptivas a críticas quando em público. E se há dificuldade em administrar isso, a tendência da maioria é se esconderem sob o rótulo da timidez. Ou ainda, sob o direito que cada um tem à sua privacidade e reparti-la somente quando achar necessário.

Quem é cioso de sua intimidade não entrega o jogo tão facilmente. Como reagiríamos se estivéssemos numa loja, por exemplo, trocando idéias com algum amigo e alguém resolvesse entrar na conversa sem ser convidado? Tem os dois lados da moeda. Se o assunto é segredo, não deveríamos falar em um lugar onde outras pessoas podem ouvir. Se não é, e ainda assim alguém resolveu opinar, no mínimo tem como característica a ousadia.

Enfim, se a nossa resistência a opiniões contrárias não é lá das maiores e a nossa capacidade de resistir é pequena, é melhor não se expor. Se a palavra está presa na garganta e um bom ouvido se faz necessário, o critério de escolha é fundamental. Os melhores ouvintes são sempre os nossos amigos mais fiéis. Eles fazem o esforço de entender o problema pela nossa ótica, colocando-se no nosso lugar, mesmo tendo opinião contrária, porque nos conhecem suficientemente bem, gostam de nós incondicionalmente e a última coisa que querem é nos magoar.

Comentários

  1. Muito bom seu texto. Como é chato alguém dar uma opinião que não pedimos, como disse, principalmente se não é do nosso convívio. Parabéns!
    Juarez do Brasil

    ResponderExcluir
  2. Valeu, Juarez. Que bom que gostaste. Volte sempre.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Por favor, deixe aqui sua opinião sobre o texto.

Postagens mais visitadas deste blog

Jogo de Palavras

Dizer que foi o receptor da comunicação quem se equivocou é uma atitude cômoda para o emissor, porém arriscada, já que a conversa pode se encerrar por ali. Quando lançamos mão do tradicional “você é que não me entendeu”, estamos transferindo para o outro a responsabilidade pelo equívoco que nós mesmos provocamos. Na prática, a nossa atitude em si é arrogante, pois não admite a possibilidade de erro e ainda por cima se exime das conseqüências, como se fôssemos donos da verdade e só a nossa versão é que contasse. Seria muito mais humilde e receptivo trocar a mensagem por “eu não me fiz entender”. Acalma o interlocutor e de quebra nos dá fôlego para uma segunda chance. Ocorre que na maioria das vezes nos utilizamos dessa tática com a melhor das intenções e com o honesto propósito de esclarecer a idéia que queríamos transmitir. Como a resposta vem de imediato à nossa mente, estamos convictos que esta forma de se expressar é correta e tanto cremos nisso que a reação é automática e não enten

A métrica no poema e como metrificar os versos de um poema.

Texto publicado no site Autores.com.br em 25 de Novembro de 2009 Literatura - Dicas para novos autores Autor: PauloLeandroValoto "Alguns colegas me abordam querendo saber como faço para escrever e metrificar os versos de alguns de meus poemas. Diante desta solicitação de alguns colegas aqui do site, venho explicar qual a técnica em que utilizo para escrever poemas com versos metrificados. Muitos me abordam querendo saber: - Como faço? - Como é isso? - O que é métrica? - Como metrifico os versos de meus poemas? - Quero fazer um tambem. - Me explique como fazer. Vou descrever então de uma forma simples e objetiva a técnica que utilizo para escrever poemas metrificados. Primeiro vamos falar de métrica e depois vamos falar de como metrificar os versos de um poema. - A métrica no poema: Métrica é a medida do verso. Metrificação é o estudo da medida de cada verso. É a contagem das sílabas poéticas e as suas sonoridades onde as vogais, sem acentos tônicos, se unem uma com as outras fo